São Paulo, 6 de Setembro de 2017.
Saudações Sr(a) Secretário (a).
É com pesar que redijo essa carta ao senhor(a), descrevendo como uma mãe e também professora da rede pública e que está observando dia após dia desde 1988, quando adentrou para o mundo educacional do Estado de São Paulo.
Ao longo desse longo percurso, vi n mudanças educacionais dos vários políticos que administram o Estado, e eu vejo que nossa classe profissional, não só professores, mas todos que são trabalhadores da educação, estão em situações, muitos, de miséria. Vejo que muitos profissionais adoecem trabalhando, e são afastados, mas se observamos bem, as inúmeras doenças se acarretam pela condição trabalhista, no meu ponto de vista, todas as doenças, como perda da voz, bursites, rinites, entre outras deveriam serem tratadas como acidentes de trabalho, pois se perdemos a voz, foi devido a má estrutura da salas de aula, do ruído que nossos alunos fazem diariamente, e por que não dizer das péssimas condições que são sucateadas as reformas nas escolas, e sem contar, quando docentes saem adoentados por questões de psiquiatria, o senhor, já parou para pensar, se não há nada por trás disso? Já vi colegas se afastarem pois nossos alunos acabam usufruindo de entorpecentes dentro da sala de aula, ou que devido a inversão dos valores, a questão familiar tão ruim atualmente, deixando que principalmente os adolescentes queiram mais ter do que ser, acaba distanciando o docente, que fica a mercês de uma ditadura implícita tanto pelos que gerem o estado, como as diretorias de ensino, e por que não dizer, muitos diretores de escola, sempre acaba sobrando ao professor, a culpa, sempre recai sobre o docente, que deixa sua família, para cuidar e tentar reproduzir seus conhecimentos, orientar filhos alheios.
Sabe senhor secretário, fico além de pensar nessa situação das doenças que acarretam o profissional da Educação, penso nas obras que dizem que são gastos bilhões, porém, vejo que não existe a infra estrutura competente e hábil para isso. Como exemplo, cito uma obra referente acessibilidade que estou já irritada, com tanto gasto material, e sem contar, fizeram uma rampa de acesso á quadra, tão mal feita, que vejo foi dinheiro jogado fora dos nossos "humildes" impostos. Sabe, que na quadra, bem no acimentado que dizem ser uma quadra, não irá ter cobertura ou alambrado para a mesma, e sem contar que a escola em si tem um vasto terreno para se construir com a verba que veio uma poliquadra esportiva, até de primeiro mundo? Sem contar do material que fica exposto e muitos podem se ferir, não só alunos, funcionários, docentes. Mas é verba pode ser jogada as traças. Onde trabalho, vejo que daria a possibilidade de ser fazer um laboratório para Artes e Língua Portuguesa, para as Ciências, e ainda assim sobraria área verde, pois estamos em área de manancial.
A sim, como mãe, observei que as apostilas dadas aos alunos, também é uma verba mal empregada, pois não há atualização de dados, em Química, que é minha praia, não houve atualzação de nada, e olha que desde que essas apostilas entraram em circulação, quantas novidades da área cientìfica se deu? Muitas, não? Mas, não teve nada de diferente, além de tudo, vejo também a questão do livro didático, não deveria ser um para cada aluno, esses livros deveriam ter uma quantidade x, e facilitar também a vida de nossos alunos, que estão sofrendo já desde cedos carregando um "peso" maior do que podem carregar, e acabando com suas colunas. Nossos jovens têm muitas dores nas costas devido carregarem o "mundo" quando vão estudar.
Queria lhe escrever tantas e tantas coisas, que sei que o senhor está careca de ouvir, ver, mas faz como os "macaquinhos, que não ouve, e não veem", mas fala e nós temos que aceitar a tudo que aí está.
Outra mudança sobre a questão de aposentadoria do professor, que deveria ser integral, receber como nos últimos anos trabalhados, pois político recebe até salário paletó, por que não investi com seriedade na Educação Pública desse País? Melhorar a renda dos profissionais da educação, valorizar como evolução via não acadêmica todos os anos de estudo do profissional, não só a partir de 1996, mas todos, desde que se formou, o que foi estudado anteriormente serve para nada? Acredito que isso tenha que mudar.
Não fecharei meus olhos, como digo sempre, em toda e qualquer profissão, existe os bons e os maus profissionais, aqueles que gostam de mamar nas tetas do governo, mas que conseguem licenças, mas acabam trabalhando, ou lecionando em outro local. Isso me deixa furiosa, mas que vive só de um cargo, e se dedica a ele, seja nas horas em que está na escola, ou fora dela, como estou agora ao redigir nesse momento, que tenha um algo a mais, seja visto com outro olhar.
E, sobre os readaptados, que como escrevi no início, ficaram adoentados trabalhando, muitas vezes são os meninos e meninas de recado, são muitas vezes desvalorizados, jogados numa biblioteca, e deixados de lado, bem quanto a isso, como amo as questões pedagógicas, procuro me aventurar na coordenação, auxiliando minhas coordenadoras, no qual as admiro, uma é muito prática e a outra muito teórica, esse conjunto é muito bom.E, tanbém a questão administrativa, afinal, gosto de aprender.
Também peço uma remuneração maior para os GOES, pois vejo que na escola na qual estou, a minha se dedica muito a nos ajudar, e fazer as coisas certas, se tivesse uma remuneração melhor, seria muito mais fácil atender a todas as situações que à ela cabem.
Senhor seceretário, peço desculpas pela longa carta que lhe escrevo, mas são coisas, que como mãe, cidadã e docente vejo no meu dia a dia.
Muito agradecida.
Paz e bem.
Tereza Cristina Gonçalves Mendes Castro, mãe, professora e escritora.
PS: Não afilhiada a partido político ou sindicalizada.