A alquimia da vida presentes em meus atos.
"Deus tudo perdoa, o homem pode até perdoar. Mas, a mãe Natureza, jamais perdoará o que fizermos."
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Poesias, assim como crianças são dádivas de Deus.
O Celibatário
Uma estória franciscana contemporânea
Aos amigos de ontem,hoje e sempre.In memoriam Birú(Paróquia Nossa Senhora Aparecida - Pedreira - Santo Amaro -São Paulo). In memoriam a todos que partiram no acidente da TAM em 2007.


Parte I
Numa linda manhã, Rafael,um jovem de 25 anos, acordou, fez seu desejum e foi caminhar.
No caminho percorrido, ele observou tudo a sua volta: - os pássaros a cantarolar, o vento a balançar os galhos das árvores e o céu azul.Observou ainda as pessoas ao redor,umas caminhavam com pressa exigida da grande cidade, outras passavam mais neutras, cabisbaixas e outros ainda que dormiam nas esquinas,por onde Rafael passava.
De repente, este jovem se depara em frente a um Templo,sente um estranho chamado,entra, a Igreja estava vazia,porém havia uma Presença Divina, que Rafael não compreendia.
Ao entrar, se deparou com os ornamentos do Templo, observando o Altar, se ajoelhou, lembrando de fatos ocorridos em sua vida.
As lágrimas começaram a cobrir seu rosto, os vultos passados retornaram a sua mente, há poucos dias havia perdido seu irmão, e sua amada, grávida de 12 semanas, e em alguns minutos, questionou:
- Por que, meu Deus? Por que ou para que, fizestes isto comigo?
Rafael, um jovem atraente, que qualquer moça gostaria para tê-lo ao seu lado, atlético, não usava nenhum tipo de droga, nem lícita, muito menos ilícita.Praticava esportes,ele um grande nadador, só não entendia o por que faltando poucos meses para sua filha nascer, sua união com Maria Tereza, isso aconteceu, sua morte, tão prematura.
Na semana anterior, sua namorada havia viajado para Ubatuba,como seu irmão Guilherme ministrava aulas na baixada Santista,combinou com a cunhada de voltarem para São Paulo, juntos.
Guilherme era um ótimo motorista, mas por fatalidades da estrada Rio-Santos, um caminhoneiro embriagado, acabou entrando na contra-mão, perdendo o controle do caminhão, e logo o acidente aconteceu.
Bombeiros vieram logo ao local, porém, já não tinham mais o que fazer.
Rafael, após ter chorado muito sentiu as mãos do Padre Mariano, que o amparou.
Rafael, se confessou e saiu mais tranquilo em seu coração.
O padre Mariano, franciscano, já de idade avançada, mas com uma bagagem de experiências, com doces palavras mostrou a Rafael que nada ocorre por acaso, tudo que ocorre são providências divinas.
            
Parte II
Passado dias, do ocorrido, Rafael, se encontra no clube com sua amiga Marina, esta até que estava feliz, pois amava Rafael.
Porém, Rafael não esquecera Maria Tereza, e ele não poderia ser de mulher alguma, pelo menos até aquele momento não.
Marina, apesar de ser uma jovem linda de cabelos longos, corpo com curvas admiráveis, Rafael a via simplesmente como amiga.
Algum tempo se passou, Rafael, que procurava ir frequentemente à Igreja, conversar com Padre Mariano,começou a sentir que deveria ser padre, e entregar-se realmente a DEUS, fazendo que aquele chamado inicial fosse atendido.
Convencendo-se a cada dia o que a providência lhe ocupara,Rafael, decidiu ir para o Seminário. Padre Mariano lhe deu a maior força.
Marina,porém, tentou seduzí-lo de várias maneiras, e Rafael, sempre dava um jeito de não ceder aqueles caprichos de menina mimada.
Marina, se expunha demais, e até numa noite deu um "boa-noite cinderela" a Rafael, que inocentemente tomou o suco oferecido pela amiga, quando ele foi à casa de Marina, pois a mesma iria tentar um suicídio.
Atordoado, Rafael, dormiu na casa de Marina.
Esta por sua vez, caprichosa e meticulosa, armou tudo...No dia seguinte ao despertar, Rafael viu-se ao dela, e se pôs a chorar:
-O que foi que aconteceu aqui?!Pensava ele.
Marina calmamente despertou...
-Bom dia! Meu amor. Que noite maravilhosa você proporcionou,meu corpo sempre desejava o seu, e esta noite foi demais.
Rafael, deu um salto da cama, atordado ainda, ele que já estava cumprindo votos, e um deles já o fizera: O celibato.
Como aquilo poderia estar ocorrendo? Será que realmente ocorrera?
Marina, mexeu com os nervos de de Rafael.
Rafael, retornou ao seminário, confuso ainda, entrou em seu quarto e começou a se açoitar,cansado adormeceu no chão.

Parte III
Padre Mariano foi visitá-lo, viu aquela cena, e acabou acordando Rafael.
-Meu filho, o que houve, por que fizeste isso?
Rafael,não tinha explicação, pois, nem mesmo sabia exatamente o ocorrera na noite anterior ao visitar Marina.
Após contar detalhadamente ao Padre Mariano, sua ida à casa de Marina, e que quando despertou estava com ela em sua cama, nús estavam.
Bateu algo forte em seu peito, como se ele traisse a si próprio, "Como pude cometer um  ato daqueles, já que tinha feito seu voto de celibatário."
Estava atordoado, fraco, cansado.
Adoeceu após este ocorrido.
Mas, orações realizadas por todos começaram a dar forças, e Rafael se recuperou.
Neste meio tempo, Marina tratara de engravidar por métodos de inseminação artificial.
Rafael, soubera daquela gestação, mas não iria de deixar sua vida no seminário, estava decidido a ser padre, pastor de ovelhas perdidas,iria realizar seu ministério com jovens drogrados, e crianças de rua.
Não queria ser pároco, de um templo, queria assistir aos mais carentes, aos doentes,aos injustiçados, passaria se possível a andar com eles, assim como seu Mestre JESUS. Mas, iria assumir(de forma inocente) seu filho. Ou melhor, o filho que Marina esperava.

Parte IV
O tempo passou depressa...
Marina naquela manhã de 29 de dezembro de 1989, teve que ir a maternidade, dando a luz a um menino, no qual deu o nome de Gustavo.
Rafael, foi visitá-los se encantou com o filho. O registrou.
Mas, não saiu de seus votos,não queria sair daquilo que ele havia escolhido para sua vida.
Marina, ainda tentou seduzí-lo, dizendo que ela seria mãe solteira.
Porém, Rafael a convenceu de que ela sabia que jamais ele deixaria sua devoção(...)
Rafael ainda comentou, que ela sabia de sua escolha, mesmo antes de ir supostamente para cama com ele.
O tempo mais uma vez voou, e Rafael, tornou-se padre. E, como havia previsto, foi trabalhar em pró dos mais carentes. Enfrentava o frio das ruas muitas vezes,mas animava aquela gente a cantarolar, a brincar e alguns até irem procurar abrigos que a prefeitura tem.
Com adolescentes, drogados, ele ensinava apenas ensinava, sem criticá-los, observava que cada vez mais prematuras crianças estavam no mundo das drogas, e se prostituiam para ter o que comer momentaneamente.
Rafael, sabia de sua obrigação de pai de Gustavo e auxiliava Marina em tudo, na educação, na saúde, dando assistência que jamais se vira de um pai de família.
Marina, aos poucos foi se arrependendo do que fizera no passado. Porém, ainda por vaidade queria Rafael.
Sua Mãe, sabendo da verdade,a única,que realmente sabia de toda verdade,preocupada com Marina, orava constantemente por ela.

Parte V
A senhora Catarina, mãe de Marina, era espiritualista, respeitando todas as religiões, e sempre como o Mestre ensinou, se punha no silêncio de seu quarto, e falava em pensamento com o Criador, ajoalhava-se sempre em sinal de respeito e gratidão.
Pedindo sempre por Marina,para que ela parasse de atormentar Rafael e o procurasse para falar a verdade.Pois, cada dia de mentira, era um espinho que penetrava em seu coração.

Parte VI
Os anos passaram,Gustavo, menino forte e lindo como sua mãe, amava brincar e sempre quando recebia a visita de seu pai, amava mais ainda brincar com ele. Gustavo ao contrário de Marina,aceitava o compromisso de seu pai com a Igreja,sendo pastor de ovelhas perdidas.
Sempre que podia,pedia ao pai para contar a História de São Francisco de Assis e Clara.
De suas pregações para os pássaros,para os animais, de seu agradecer constante pelos irmãos: água, Sol, Terra, natureza enfim.
Marina observava aquela cena, quandode repente falou alto:
- Meu Deus, Rafael é uma ótima pessoa,por que menti para ele???!!!
Rafael, escutando, se indagou...Mas, não questionou nada a Marina.

Parte VII
No ano 2007. Marina por questões de trabalho, teve que viajar, deixando Gustavo com seus pais.
Ela foi de São Paulo para o Sul.
Quando estava voltando, dentro do avião, ligou para Rafael para ir buscá-la no aeroporto de Congonhas, pois ela tinha uma confissão a fazer.
Mas, sentindo um frio na barriga, falou para Rafael por telefone, que qualquer coisa que acontecesse à ela, ele falasse com dona Catarina a respeito de Gustavo.

Parte VIII
Rafael, que se preparava para ministrar uma MISSA com seus moradores de ruas na manhã seguinte, ficou  intrigado: - Qual seria a confissão de Marina???
Rafael, estava em seu escritório quando ouviu o noticiário de plantão: "- Avião cai no aeroporto de Congonhas, interditando a Rubem Berta, causando um enorme incêndio ao depósito da TAM.
Rafael, qu morava próximo ao aeroporto, estava já pronto para sair,passando em seu escritório para pegar a chave do carro,para pegar Marina, ligou o rádio no AM para ouvir as notícias.
Já não poderiam fazer muito.
O avião,que por uma fatalidade,caiu.Não existem culpados para fatalidades.
Talvez o maior culpado, seja a impossibilidade de morar perto a um grande aeroporto, como o de Congonhas, no Centro de São Paulo.
Talvez culpem os pilotos que partiram e também  deixaram famílias para trás, que não serão indenizadas, mas violentadas pelo poder da mídia.
Chovia  naquela tarde fria, tempo de recesso escolar, a pista cheia de água, escuridão, tudo proporcionou para a partida daquelas pessoas.
Rafael chegando ao aeroporto consolou dona Catarina e seu esposo Miguel. Gustavo estava com os avós.


Parte IX
Passado um mês após o ocorrido, Rafael foi procurado por dona Catarina(mãe de Marina), e esta confessou a ele que Gustavo não era seu filho, mas agora aos 18 anos só tinha ele, e acreditava que era mesmo seu pai.
Rafael chorou.
Perdoou Marina aonde quer que agora esteja.
Abraçou dona catarina, e prometeu que ele iria continuar a ser pai de Gustavo, pois realmente o amava como a um filho.
Gustavo, um rapaz inteligente, bonito e bem educado,decidiu ir pelo mesmo caminho de seu pai Rafael.

Parte X
rafael, cheio de luz, amor, perdão, gostou da decisão do filho, e sempre o instrua que a vida de sacerdote não é fácil, mas DEUS toda as vezes providencia o andar das coisas.
Hoje, Rafael, é um padre popular, simples, que vive nas ruas levando JESUS aos que necessitam.
Conversa sempre com DEUS e pensa em tudo que viveu, sempre agradecendo e agradecendo.
As vezes, Rafael, procura encontrar dona Catarina e seu Miguel,para compartilharem a vitória de Gustavo.
E, conversar sobre tudo, a saudade da amiga que se foi,do irmão e de Maria Tereza, entre outros assuntos.
Rafael, se tornou padre, e respeita esta condição, viveu tudo que viveu e só agradeceu a DEUS por tudo.
Porém, seu mundo sorriu ao encontrar CRISTO, e vivenciar o celibato, a Vida e tudo que ocorreu.



Escrito entre os dias :15/8/08 a 11/01/09. Manuscritamente em um de meus cadernos de poesias.Teka Castro.Desculpe - me possíveis erros, este é meu primeiro conto.(Tereza Cristina Gonçalves Mendes Castro, 43 anos, educadora e escritora).
Teka Castro
Enviado por Teka Castro em 21/11/2010
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